Por mais que nem sempre seja a grande norteadora, acompanhar e avaliar a lucratividade da empresa é essencial para o sucesso. O problema é que ainda há muitas dúvidas sobre como calcular a margem de lucro de um produto ou serviço e saber se o caminho que vem sendo traçado é o correto.
Definição de margem de lucro de um produto ou serviço
Basicamente, o lucro é a diferença entre o faturamento obtido com as vendas de um produto ou serviço e os custos de execução do trabalho (a fórmula para calcular é: lucro bruto = receitas totais – custos). A margem de lucro bruta é um valor percentual obtido da relação entre o lucro bruto e a receita total (a fórmula é: margem de lucro = lucro bruto / receitas totais).
Vamos a um exemplo prático da área de TI para facilitar: seu cliente precisou da atualização de um software e digamos que esse serviço custe R$ 200. E os gastos diretos com transporte, licença e mão de obra somem, digamos, R$ 120 — lembrando que entram nessa lista, se for o caso, despesas com peças, materiais auxiliares, alimentação, entre outros itens ligados diretamente ao atendimento. Fazendo as contas, chegamos a um lucro de R$ 80 neste serviço.
Para calcular o lucro de um determinado período, o esquema é o mesmo. Você vai somar todo o faturamento e, desse total, tirar tudo o que foi gasto para realizar os serviços. O que sobrar será o lucro do período. A partir dessa informação, o empreendedor já consegue ter uma boa noção de como anda o negócio. Mas há ainda mais uma conta a ser feita, a da porcentagem de lucro, que dará um desenho mais exato da situação da empresa.
O cálculo da margem de lucro é feito a partir de uma fórmula simples: divida o lucro pela receita total e multiplique o resultado por 100. Para ajudar, vamos dar um exemplo de uma empresa que faturou R$ 20 mil em um mês e teve custos de R$ 13 mil no mesmo período.
Receita total: R$ 20.000
Custos: R$ 13.000
Lucro: R$ 20.000 – R$ 13.000 = R$ 7.000
Margem de lucro: R$ 7.000/R$ 20.000 = 0.35 x 100 = 35%
Pelos cálculos, a margem de lucro da empresa foi de 35%. Esse é, portanto, o número que o empresário deve fornecer a um investidor ou banco, quando for questionado sobre a lucratividade. Informar apenas o lucro em reais não é suficiente por não dar uma dimensão tão precisa do cenário da empresa. Os R$ 7 mil sobre R$ 20 mil de receita do nosso exemplo mostram uma situação bem mais confortável do que uma outra empresa que obtivesse os mesmos R$ 7 mil com receita de R$ 100 mil (portanto, custos de R$ 93 mil e margem de 7%).
Margem de lucro bruta x margem de lucro líquida
Até agora, explicamos como calcular a margem de lucro bruta. Um outro dado relevante é a margem líquida. A diferença é que, neste caso, além dos custos para a execução dos serviços, é necessário abater também:
- Impostos sobre faturamento;
- Tributação e encargos sobre folha e outros;
- Aluguel ou manutenção da sede;
- Telefone, água, luz, Internet etc.;
- Despesas com pessoal administrativo
Em outras palavras, o lucro líquido de um serviço ou de um produto é obtido a partir do lucro do bruto, menos tributação e despesas fixas e variáveis. Para a margem líquida, divida esse valor pelo total da receita. O cálculo é quase igual: Margem líquida = Lucro líquido após os impostos / Receita total x 100.
Vamos novamente a um exemplo de serviço de TI:
Receita total: R$ 20.000
Custos de execução dos serviços: R$ 13.000
Impostos: R$ 1.000
Despesas fixas e variáveis: R$ 2.000
Lucro líquido: R$ 20.000 – R$ 13.000 – R$ 1.000 – R$ 2.000 = R$ 4.000
Margem de lucro líquido: R$ 4.000/R$ 20.000 = 0,20 x 100 = 20%
Por que calcular margem de lucro
Com a margem líquida, você pode identificar quanto realmente sobra do preço cobrado. Saber que, a cada R$ 100 que entram de receita no caixa, R$ 80 são usados para pagar todos os custos e sobram R$ 20 pode ajudar você a avaliar a saúde financeira do negócio.
Não se engane olhando apenas para os números de faturamento. Antes de tomar decisões, investigue mais, faça essas contas e tenha um desenho mais preciso. Infelizmente, muitos empresários se concentram apenas nos números das vendas, sem se atentarem a custos e seus impactos para as finanças.
A porcentagem de lucro ideal para cada empresa depende de uma série de fatores, entre eles o tipo de atuação. Especialistas afirmam que para as empresas de serviços o ideal é trabalhar com uma margem a partir de 20%, bem superior aos 8% da indústria, que possui algumas variáveis mais específicas. Ainda assim, a receita por cliente ou contrato e o volume total de faturamento são levados em conta na hora de definir o patamar saudável.
Depois do lucro, a rentabilidade por cliente
No caso de empresas prestadoras de serviço, depois de identificar a margem de lucro, você precisa fazer uma análise mais precisa sobre cada cliente. Isso porque é fundamental identificar se há algum contrato rendendo mais ou menos do que a média, puxando a lucratividade para baixo, exigindo muitos recursos da empresa e sugando energia sem o devido retorno.
Em uma análise superficial seria elenca custos, receitas e margens de lucro para cada um dos clientes, dividindo igualmente entre eles as despesas fixas e variáveis mais gerais. O problema dessa abordagem é que ela não leva em conta algumas particularidades de cada contrato.
Fazendo assim, você não estaria considerando o volume de demandas separadamente, pois algum dos clientes pode demandar muito mais trabalho do que os outros. Vamos supor que você tem quatro clientes e, para cada um, distribuirá 25% das despesas gerais. Eventualmente, um cliente pode consumir 50% ou 60% da estrutura, e essa diferença fica escondida pela análise mais rasa.
A forma mais correta de fazer a análise dos clientes é calculando separadamente os recursos utilizados. Assim, você pode distribuir melhor os esforços e conseguir atender melhor aqueles que considerar mais importantes.
A ideia é que vale a pena cuidar de detalhes da análise para ter um panorama mais preciso da realidade financeira da empresa e conseguir fazer o negócio dar certo! Lucratividade e rentabilidade são maneiras básicas mas importantes para avançar nesse tipo de decisão.
Se tiver dificuldades para calcular essas margens, vale a pena conversar com o contador. Por ter acesso a várias informações financeiras de seu negócio, a assessoria contábil tem condições de apoiar sua análise, considerando particularidades de sua atividade.
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